Num mundo cada vez mais digital e urbano, há quem persista em buscar o remoto, o longínquo — e o inaudível. Para os membros do GPDX – Portuguese DX Group, as ilhas não são apenas destinos geográficos, mas portais radiofónicos onde a ciência, a aventura e a camaradagem se encontram em frequência modulada.
Fundado com o espírito do DXismo — a arte de contactar o mais distante possível através das ondas curtas — o GPDX continua a ser uma referência para os radioamadores portugueses que participam nas operações IOTA (Islands On The Air). A sua última publicação, datada de 19 de julho de 2025, é um compêndio global de expedições em curso, que percorrem desde as latitudes austrais do Pacífico até às gélidas margens do Ártico europeu.
Neste mês, a comunidade global assiste a uma impressionante coreografia eletromagnética com estações como KI6LT/ZD8 em Ascension (AF-003), 3B9SP em Rodrigues (AF-017), e KH7AL/KH9 desde a misteriosa Wake Island (OC-053). Operações como estas exigem mais do que perícia técnica: são exercícios de logística, diplomacia e persistência.
Não faltam também vozes portuguesas no éter. O indicativo especial CQ1T, frequentemente associado ao GPDX, evoca não apenas um país periférico com tradição náutica, mas uma rede de operadores que, entre cabos coaxiais e antenas direcionalizadas, continuam a explorar as possibilidades da propagação ionosférica. A iniciativa do grupo em divulgar calendários de atividade IOTA não só dinamiza o hobbie como também sustenta uma cultura de colaboração internacional que poucas comunidades conseguem manter com tanto rigor.
Este mês de julho de 2025 apresenta-se particularmente vibrante: mais de 40 operações IOTA estão em curso, cobrindo os cinco continentes. Desde Stromboli (EU-017) até Tierra Bomba (SA-040), passando por locais exóticos como Satang Besar (OC-165) ou Isla Fuerte (SA-078), estas ativações não se limitam à emoção do contato, mas constituem também uma contribuição relevante para o mapeamento de frequências, testes de equipamento e aperfeiçoamento das redes de emergência.
O GPDX não é apenas uma mailing list ou um blogue esporádico. É, no seu melhor, um elo entre o passado heróico do radioamadorismo e o seu futuro digital. Em tempos em que os algoritmos nos conectam em segundos, há algo de profundamente humano — e analógico — no esforço de alcançar alguém, sozinho numa ilha, através de uma antena improvisada e alguns kilowatts de curiosidade.












Leave a comment
All comments are moderated before being published.
This site is protected by hCaptcha and the hCaptcha Privacy Policy and Terms of Service apply.