Longe das grandes capitais e dos centros urbanos saturados, no coração do Algarve, encontra-se um dos mais discretos — mas persistentes — bastiões do radioamadorismo português: o Rádio Clube de Loulé.
Com sede no Complexo das Piscinas Municipais de Loulé, este clube distingue-se não pelo ruído, mas pela constância. Reúne-se na primeira sexta-feira de cada mês, a partir das 21h30, e, quando necessário, mobiliza os seus associados fora da agenda formal — um sinal de flexibilidade e espírito de corpo que caracteriza as organizações de base voluntária com verdadeiro sentido de missão.
Se a localização pode parecer periférica, a vocação é tudo menos local. O clube não só opera em múltiplas bandas como também cultiva, com discrição, um espírito de curiosidade técnica e de partilha intergeracional. Em tempos em que a comunicação se faz por fibra ótica e inteligência artificial, o Rádio Clube de Loulé lembra que há ainda valor — e beleza — nas ondas hertzianas que cruzam oceanos com um simples dipolo bem afinado.
Ali, na Rua Maria José Cabeçadas, longe dos centros de decisão, sobrevive uma cultura que preza a escuta atenta, o engenho prático e a camaradagem silenciosa dos que, noite após noite, mantêm acesas as luzes invisíveis do éter.
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