ARRLx: Um bastião urbano do radioamadorismo em Lisboa

ARRLx: Um bastião urbano do radioamadorismo em Lisboa

Num recanto movimentado de Penha de França, entre as ruas que sobem desde o Mercado de Sapadores, uma entidade discreta mas resiliente cultiva um dos hobbies mais antigos da era moderna: o radioamadorismo. A Associação de Radioamadores da Região de Lisboa — ou simplesmente ARRLx — tornou-se, nas últimas décadas, numa ponte entre a tradição técnica e a resposta cívica.

A sua missão transcende o mero entretenimento com ondas eletromagnéticas. A ARRLx aposta na formação: educa, instrui e treina. Voluntários das Juntas de Freguesia da capital, escolas locais e até núcleos da Proteção Civil encontram na associação um parceiro confiável e tecnicamente competente. A rádio, aqui, não é só um passatempo — é ferramenta de serviço público.

Este enfoque urbano da ARRLx é notável por várias razões. Ao contrário de outras associações mais periféricas, enraizadas em zonas rurais ou costeiras, a ARRLx atua no centro nevrálgico do país, onde os desafios logísticos e operacionais são maiores, mas também onde o impacto do trabalho é amplificado. A sua presença junto à Proteção Civil Camarária, e o esforço de incluir também entusiastas do CB (Citizens Band), mostram uma abertura rara num meio tradicionalmente fechado.

Num mundo digital, onde a comunicação se tornou instantânea e banal, a ARRLx lembra-nos de que há valor na resiliência analógica. Quando tudo falha — e a história recente é fértil em desastres que cortam as redes móveis e a internet — a rádio sobrevive. E é nesse cenário que a formação promovida pela ARRLx se torna essencial.

Com mais de 1.800 seguidores e uma comunidade em expansão, a associação mantém o espírito colaborativo vivo, adaptando-se a novas gerações sem abdicar dos princípios que fizeram do radioamadorismo uma prática de rigor técnico, camaradagem e utilidade pública.

No cruzamento entre a tradição e a resposta de emergência, a ARRLx continua a emitir — com clareza, propósito e uma frequência que só os mais atentos conseguem captar.

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