A.R.L.A.: Duas décadas de persistência no éter alentejano

A.R.L.A.: Duas décadas de persistência no éter alentejano

Fundada nos finais do século XX por um punhado de entusiastas de rádio reunidos em Sines, a Associação de Radioamadores do Litoral Alentejano (A.R.L.A.) evoluiu, desde o seu esboço inicial em 1999, para se tornar uma referência sólida na promoção e defesa do radioamadorismo em Portugal. Nas suas origens está a visão de Fernando Dinis Silva (CT1DZ), que identificou uma lacuna regional: a ausência de uma estrutura representativa que agregasse os operadores dos cinco concelhos costeiros do Alentejo.

O processo de institucionalização foi tudo menos apressado. Ao longo de 2000, sucessivas assembleias e a aprovação dos primeiros estatutos moldaram o esqueleto administrativo da organização. A sede, então localizada em Santiago do Cacém, tornou-se palco de reuniões técnicas, exercícios de comunicações de emergência, e expedições dedicadas à experimentação com antenas multibanda.

Ao longo da década seguinte, a A.R.L.A. consolidou a sua identidade através de repetidas ativações de estações portáteis, participação em exercícios nacionais como o SIGEX, colaborações com a Proteção Civil e iniciativas conjuntas com escuteiros no âmbito do Jamboree no Ar. A associação não se limitou a operar em ondas curtas: envolveu-se em satélites, radiolocalização e comunicações digitais, criando várias secções técnicas temáticas para acompanhar os avanços tecnológicos.

Com o tempo, a infraestrutura cresceu. Foram instaladas estações repetidoras, como a da Serra da Arrábida e do Castelo de Santiago do Cacém; celebrou-se protocolos com autarquias; e inauguraram-se novas instalações, nomeadamente no antigo Colégio de S. José. O boletim informativo mensal – mais tarde adaptado à internet e à televisão amadora – acompanhava e divulgava cada avanço técnico ou mobilização cívica.

Hoje, a A.R.L.A. é muito mais que uma associação de amadores. É uma estrutura resiliente, capaz de responder a cenários de catástrofe, fomentar a inovação tecnológica e manter viva a cultura do éter entre gerações. O que começou como uma reunião de convivas num restaurante tornou-se, em vinte anos, uma entidade com voz no panorama nacional das comunicações de emergência e da experimentação radiofónica.

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